Paulo Afonso, 19 de maio de 2024

José Ivandro

O Poderoso Microfone e a Insensatez que pode matar

Avenida Delmiro Gouveia quase vazia no inicio do Isolamento Social em Paulo afonso

Publicado em 01/04/2020 às 12:15

Por José Ivandro

Na contramão do que vem sendo feito pela imprensa do país, e na contramão do que propõem a OMS, o Ministério da Saúde, o Governo do Estado e a Prefeitura de Paulo Afonso, e com o objetivo único de defender o presidente Jair Bolsonaro e fazer média com alguns empresários locais, a Rádio Bahia Nordeste de Paulo Afonso, por ordem do seu diretor geral, fez hoje uma espécie de editorial e além disso veiculou trechos de um áudio, atacando a imprensa nacional e as medidas protetivas de contenção ao Corona Vírus.

As noticias veiculadas pela imprensa nacional a respeito da circulação do vírus e suas consequências, vem sendo combatidas pelo presidente da república, que também defende o “liberou geral”, com o isolamento apenas de idosos e pessoas com doenças pré-existentes.

A suposta preocupação com a economia e com o povo, alardeada pelo presidente e seus asseclas, dentre eles o diretor da RBN, que pretende acabar com o Isolamento Social implantado no país, é irresponsável, pois contraria as determinações da OMS (Organização Mundial da Saúde), e do próprio Ministério da Saúde, que propõe o isolamento social como medida capaz de deter a velocidade de contaminação do vírus.

O nosso sistema de saúde não conseguirá (nenhum país que não tenha feito Isolamento Social prévio conseguiu até agora) acompanhar a velocidade de contaminação do Covid-19, que como já provado, ataca todas as faixas etárias da população sem distinção de raça, cor, religião, ideologia ou condição social.

Agências da Caixa lotadas mesmo no período de Isolamento Social

O Isolamento Social, se respeitado e cumprido como deve ser, é a única forma de conter a rápida disseminação da doença, e com menos gente doente, a capacidade de atendimento aos pacientes graves poderia ocorrer de forma a ser absorvida pelo sistema. No entanto, se acontece o inverso, como na China, Itália, EUA, e Espanha, o sistema não consegue atender a demanda, e as mortes acontecem em uma escala absurda, hoje são mais de 40 mil mortes no mundo.
As pessoas morrem nos corredores dos hospitais, em suas casas e até nas ruas, não dá para ter velório nem despedida, e, ou são enterrados em valas comuns, ou cremados por falta de cemitérios.

Paciente sendo transferido para UTI

Todos nós sabemos da necessidade de prover condições, através de ajuda financeira as pessoas mais carentes e necessitadas, e a todos os trabalhadores da ativa, informais, desempregados, e aos micro empreendedores individuais, pois a crise gerada pela pandemia e o isolamento necessário para combatê-la, pressupõe que o governo federal proteja essas pessoas dando-lhes as condições necessárias para se manter em casa tendo como se alimentar e cuidar das necessidades das suas famílias.

Para isso os deputados e senadores alteraram proposta original do governo e aprovaram um aumento no valor da ajuda de R$200,00 para R$600,00 como garantia de renda minima, por pelo menos três meses, além de medidas protetivas tais como pagamento de seguro desemprego extraordinário, saques extras do FGTS, entre tantas outras que já foram ou serão tomadas.
O próprio governo, a despeito da vontade do presidente, tem tomado medidas para ajudar as empresas que vão enfrentar sérias dificuldades por conta da crise. Até os bancos que não costumam abrir a mão, estão prorrogando empréstimos por 60 dias ou mais como forma de ajudar empresas e pessoas físicas diante da extrema necessidade de parar o país.

Caixões prontos para uso em Bérgamo na Itália

O presidente e seus asseclas, como o diretor da RBN, agem como se a doença fosse uma gripezinha, e combatem todas as noticias sérias sobre a gravidade da doença, teimando em não admitir que ela mata.
Essas pessoas deveriam se preocupar em garantir que as medidas de proteção a população sejam tomadas de forma rápida e eficiente, ao invés disso, preferem defender a tese da volta indiscriminada ao trabalho, pensando apenas em dinheiro e esquecendo que vidas estão em jogo, um erro grave, já cometido em outros países como Itália, Espanha e Estados Unidos que demoraram a decretar o isolamento social e agora estão pagando com a perda de vidas humanas em série.

O Brasil naturalmente já tem problemas para enfrentar uma doença como essa, pois muita gente não segue as determinações e descumprem sem motivação o isolamento social. Com a ajuda das Fake News, praga que sai direto do Palácio do Planalto, e é reproduzida por uma corja de insensatos, entre eles o diretor da RBN, que usam diversos meios de comunicação para defender o incentivo “oficial” ao descumprimento das regras de isolamento social, isso faz com que as pessoas se sintam a vontade pra descumpri- las, jogando no lixo todo o trabalho feito pelo Ministério da Saúde, pelo Governos Estaduais e pela Prefeituras.

Jair Bolsonaro nas ruas de Brasilia quebrando o Isolamento Social determinado pelo seu próprio governo

Atacar a imprensa, como fez a RBN hoje por ordem do seu diretor, com a unica motivação de puxar o saco do Presidente, esquecendo da “Força dos seus “Poderosos Microfones” que faz tanta questão de alardear, divulgando um texto irresponsável, junto com um áudio de um youtuber idiota, pretenso defensor dos pobres, sugerindo a população o desrespeito ao Isolamento Social, só contribuem para espalhar a doença, da qual, a despeito de todos os esforços das autoridades de saúde, não estamos livres.

A atitude do diretor da RBN, joga por terra a boa imagem da rádio que dirige, como órgão de informação sério e responsável que tentava conquistar.
Quero aqui isentar de culpa os profissionais da rádio, que são, como funcionários da empresa, obrigados a levar ao ar a opinião do seu chefe.

José Ivandro é Colunista do site Tribuna Mulungu

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