Namorada de brasileiro que tentou matar Cristina Kirchner se atrapalha em depoimento, enquanto amigo de infância de Fernando relata que ataque já era esperado: “Ele não tinha nada a perder. Era um mentiroso compulsivo que costumava inventar histórias para se sentir reconhecido”
Fernando Montiel

Ambar, que trabalha como ambulante, declarou ainda que nunca viu as munições encontradas pela polícia no apartamento do homem que tentou matar Cristina Kirchner. A Polícia encontrou 100 munições de calibre .9mm na casa do extremista.

Em entrevista, a namorada e amigos do homem ainda comentaram as tatuagens nazistas e as publicações de extrema-direita feitas por Fernando nas redes sociais. “As tatuagens são tatuagens e o fato de serem nazistas não significa que somos nazistas”, diz Ambar.

“Ataque era esperado”

Um amigo de infância de Fernando, por sua vez, diz que esperava que algo assim pudesse acontecer. Ele afirmou que o brasileiro era um mentiroso compulsivo que costumava inventar histórias para se sentir reconhecido. “Ele [Fernando] sofria bullying desde pequeno. Esse ataque era esperado porque ele não tinha mais nada a perder”.

“Eu o conheço desde 2004. Sempre nos encontrávamos. Fazíamos parte de uma subcultura urbana. Ele sempre tinha um frasco na mão, sempre sacudia nas pessoas, sempre parecia magoado. Se estivéssemos na escola, ele seria o pária gordinho. Éramos crianças e tínhamos que descontar em alguém, e ele era esse alguém”, disse à emissora argentina Telefe. “Quanto mais repressão, mais revolução. Ele não tinha mais nada a perder”, repetiu.

Fernando André Sabag Montiel foi detido depois de tentar atirar na vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner. O presidente Alberto Fernández classificou a tentativa de atentado como “o incidente mais grave a acontecer desde que recuperamos a democracia”. Em um vídeo do incidente postado nas redes sociais, ouve-se um clique quando a arma de fogo é brandida a poucos centímetros do rosto de Kirchner.

Cristina fala com Dilma

Cristina Kirchner contou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) porque a arma não disparou, o que evitou um assassinato. As duas se falaram ao telefone na manhã desta sexta-feira (2), quando a petista ligou para a vice-presidente da Argentina.

Cristina detalhou que Fernando Sabag Montiel se atrapalhou quando iria disparar e não puxou o gatilho direito. Por isso, a bala não entrou no tambor da arma que estava utilizando, uma Bersa calibre 32. O revólver tinha cinco balas, mas nenhuma entrou na câmara da pistola.