Paulo Afonso, 3 de maio de 2024

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EDUCAÇÃO, ESTÉTICA E CIDADANIA

Por: michel

A humanidade traz consigo de maneira inata o gosto pelo belo, o artístico, o cultural e o estético. Comprovadamente o cérebro humano nas suas funções neurológicas e dominâncias, apresenta tendências e autonomias na aprendizagem.
No mundo primitivo e no tempo das barbáries estas manifestações estéticas se refletiam na vaidade feminina, em agradar o companheiro, em seduzi-lo, nas pinturas rupestres, na caracterização dos grupos, em ornamentos e demonstração de força, evidenciar a masculinidade perante os adversários e na declaração de guerra.
Mesmo no mundo antigo e nas civilizações greco-romanas a estética alcançou o seu momento de maior relevância, evidenciada pela filosofia, a ciência do conhecimento, presente na vida destes povos o que irá influenciar os demais até os dias de hoje representada na música, na dança, na poesia, na literatura, na dramaturgia e arquitetura, o que marca seguramente não só o gosto pela arte mas também a hegemonia no mundo conhecido.
O Ensino de forma geral chamou para si a responsabilidade de cultivar não só o aprender os conteúdos já produzidos, mais abordar temas importantes na formação, no despertar para coisas do cotidiano de forma mais permanente servindo de atualização e entendimento, assim sendo, a educação é também fomentadora da cultura e do gosto pelas questões estéticas e filosóficas do conhecimento.
De forma geral o poder público na maioria das vezes, não digo omisso, mais falta-nos uma atenção mais primorosa relativa a cultura das nossas cidades e do nosso povo, precisamos desenvolver a sensibilidade para com o que acontece a nossa volta, podemos está perdendo o que existe de mais significativo, assim sendo, atividades são sub aproveitadas, o que poderia torná-las empreendedoras e geradoras de emprego e renda, no caso em pauta, a prestação de serviços ao turista agregaria valor.
A educação e as escolas são vistas nos dias de hoje, eu diria, como sistemas e processos capazes de modificarem formas de pensar, agir e sentir, e isto se constituem em verdades, no entanto, quero salientar que este referido processo é lento e gradual, tomar consciência, implica em construir o senso de criticidade, para assim surgir resultados mais concretos.
Observamos que apesar das limitações, as escolas nas suas práticas são verdadeiros celeiros que cultivam e fazem surgir os talentos potenciais nas diversas áreas e campos da cultura e arte.
Visando avaliar o aluno mais integralmente as unidades de ensino desenvolvem atividades sócio educativas de cunho estético, encontrando  aceitação imediata, de participação com grande envolvimento. Há na verdade uma disposição inata que envolve o jogo,  o lúdico, o entretenimento, o belo e a arte é um educar-se para a sensibilidade.
Quero na verdade fazer referência e parabenizar as unidades de ensino que junto com pais e alunos conseguem promover as Semanas de Cultura, criando um clima de festividade, aprendizagem, com muito brilho e cheios de realização e auto estima.
Vale destacar, aqui no Bairro Tancredo Neves, o Colégio Estadual Democrático Quitéria Maria de Jesus, que tornou-se ao longo dos anos referência na realização de atividades desta natureza, oportunizando o exercício e a revelação de muitos talentos, que hoje se tornaram conhecidos e tem seus talentos como fonte de renda principal, ou ao menos parte importante na complementação do seu orçamento doméstico.
Na área musical tínhamos muitos, a exemplo da Banda Fabinu’s, Fascina Samba e instrumentistas tais como Memeu, William e Bita; e intérpretes como Izael, Marcos Branco, Carlos Miranda e Cristiano, esse último, vencedor de um dos festivais.
Nas apresentações coreográficas a tão esperada apresentação da Aline Cordeiro e do coreógrafo Edy Sandro, momentos estes considerados como pontos altos da Semana Cultural.
No inicio do ano letivo de 1997, chegam os alunos, dentre eles, particularmente me chamou atenção um grupo de alunas que cursariam a 5ª série do Ensino Fundamental, elas estavam na faixa de 10 a 11 anos de idade e apesar de crianças ainda, traziam consigo o espirito de participação e combatividade. elas criaram o  grupo “Mania de Quitéria” em referência a “herança” de parentes e amigos que por ali passaram ou que ainda estavam a estudar.
Confesso que ao vislumbrar as apresentações das danças, era muito gratificante sentir a entrega, o movimento dos corpos e aqueles olhinhos amendoados a brilharem.
Saliento ainda que as apresentações teatrais e dos diversos corais, se constituíam  numa oportunidade para a participação da comunidade evangélica e das alunas donas de casa, que não dispunham de tempo para ensaios. E o que importava realmente, era a participação de todos e a oportunidade de serem avaliados integralmente, tornando a Unidade de Ensino, um lugar prazeroso de convivência, e com uma capacidade inigualável de revelar talentos. 
O processo educativo é mais amplo do que se imagina, quando muitas vezes com as nossas práticas o engessamos, precisamos nos permitir a inventividade, a pesquisa de campo, na realidade em que está inserida a escola, a comunidade em  geral precisa sentir a utilidade do que se aprende nela. Assim sendo a valorização torna-se uma realidade.
“A arte tem o poder de transformar e de proporcionar a inclusão social”

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