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A problemática no uso do canudo plástico

Por Fernanda Marques, Colunista Tribuna Mulungu, 26/06/2019 ás 11:05

A ONU afirma que quem em até 2050 teremos mais plásticos do que peixes nos oceanos, essa fato será causado pelo uso exacerbado dos derivados do polímero sintético. Dados de uma pesquisa publicada na revista científica Science, em 2015, comprovaram que a humanidade gera 275 milhões de toneladas de resíduos plásticos por ano. Desse total, há uma estimativa que entre 4,8 milhões e 12,7 milhões de toneladas de lixo plástico cheguem aos mares e oceanos.

Os canudos de plástico se tornaram um grande obstáculo ecológico, causando diversos impactos ambientais negativos, surgiram como algo revolucionário e representam, na atualidade, uma ameaça à vida marinha e à vida humana.

Mas, como pode o canudo plástico, um item “insignificante” utilizado brevemente antes de ser descartado, causar tanto estrago? Primeiramente, ele consegue chegar facilmente aos oceanos devido a sua leveza, fragmenta-se lentamente em pedaços cada vez menores, microplásticos que são frequentemente confundidos com comida pelos animais marinhos. Em segundo lugar, ele não pode ser reciclado: “Infelizmente, a maioria dos canudos plásticos são leves demais para os separadores manuais de reciclagem, indo parar em aterros sanitários, cursos d’água e, por fim, nos oceanos”, explica Dune Ives, diretor executivo da organização Lonely Whale.

No Brasil não existe um número consistente sobre o consumo de plástico, mas o material representa uma grande parte do lixo acumulado nas praias. Segundo uma pesquisa realizada pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, 24,5% dos detritos coletados na areia eram plástico — 3% deste total eram de canudinhos plásticos.

7 MOTIVOS PARA VOCÊ DESPREZAR O CANUDO

1. Os canudos representam 4% de todo o lixo plástico produzido no mundo;

2. São feitos de polipropileno e poliestireno e, portanto, não são biodegradáveis, podendo levar até mil anos para se decompor no meio ambiente;

3. Os canudinhos plásticos são uma grande fonte de formação de microplástico, que se caracteriza por ser um dos principais poluentes dos oceanos;

4. Mais de 8 milhões de toneladas de resíduos vão parar nas águas todos os anos e a maior parte deles é o plástico. O canudinho está entre os 10 materiais mais encontrados durante recolhimentos de mutirões realizados em praias;

5. A quantidade de plástico que chega aos mares excede a quantidade de algas marinhas;

6. Cerca de 100 mil animais marinhos morrem por conta do descarte incorreto do plástico na natureza;

7. 44% de todas as espécies de aves marinhas e 22% de todos os cetáceos já ingeriram o plástico alguma vez na vida.

5 OPÇÕES MAIS SUSTENTÁVEIS DE CANUDO

  1. Canudos de vidro

Os canudos de vidro são duráveis, recicláveis e você pode levó-lo para qualquer lugar. Eles ainda são feitos com o mesmo tipo de material utilizado em laboratórios, ou seja, os resíduos dos alimentos não ficam grudados na superfície.

  • Canudos de Papel

Os canudos de papel são alternativas menos nocivas do que os canudos de plástico, uma vez que são biodegradáveis e se decompõe rapidamente.

  • Canudos metálicos

Os canudos de metal podem ser feitos de inox, aço cirúrgico e alumínio. Vale ressaltar que eles não são tóxicos e há diversas opções de modelos e tamanhos para comprar, além deles virem com limpadores internos.

  • Canudos de macarrão

Inusitado, mas eficiente. Em Capaccio, na Itália, uma campanha em defesa dos oceanos substituiu 20 mil canudos plásticos por canudinhos de macarrão tipo ziti, ele é feito com um espaguete com um furo largo no meio. Em São Paulo/SP, um estabelecimento comercial também aderiu a ideia.

  • Canudos comestíveis

Diversos modelos de canudo comestível já foram ou estão sendo desenvolvidos pelo mundo, um deles é o modelo espanhol Sorbos: os canudos são 100% biodegradáveis e fabricados nos sabores laranja, morango, limão, canela, maçã verde e gengibre. Eles não alteram o sabor da bebida e não tem adição de açucares.

Em Fevereiro desse ano, a deputada estadual Mirela Macedo (PSD) protocolou um Projeto de Lei na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) que pretende proibir a utilização de canudos de plástico – exceto os biodegradáveis – em restaurantes, bares, quiosques, ambulantes e hotéis na Bahia. Caso seja aprovada, a lei estabelece um prazo de 180 dias para que os estabelecimentos se adaptem a nova regra. Na justificativa do projeto, Macedo relembra um levantamento do jornal Folha de S.Paulo sobre o uso dos canudos plásticos. “Se o processo de contaminação dos oceanos por resíduos sólidos continuar a ser executado como atualmente, em 2050 haverá mais lixo do que peixes nos mares de todo o mundo”, escreveu.

Aprovada no Rio de Janeiro, a lei contra os canudos de plástico gera elogios de ambientalistas, mas os donos de estabelecimentos de bares, restaurantes e lanchonetes se queixam do curto prazo para a implementação da regra. 

*Fernanda Marques, é pauloafonsina, tem 24 anos, Engenheira e Consultora Ambiental, e é a mais nova colunista do Portal.


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