Paulo Afonso, 3 de maio de 2024

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“Vereador pioneiro, eleito em 1958, José Freire da Silva hoje estaria festejando 99 anos”, lembra o filho, Jaime Jackson.

Por Antônio Galdino- Publicado em 01/10/2020 às 16:34

Quando o município de Paulo Afonso se tornou independente, em 1958, homens destemidos se candidataram para serem os seus primeiros vereadores. Entre eles, um que veio da vizinha Floresta, onde nasceu em 21 de outubro de 1921, chamado José Freire da Silva, filho do Sr. Manoel Freire e de D. Honorina Freire da Silva.

José Freire havia chegado a Forquilha ainda no final dos anos de 1940, em 1949, para trabalhar na Chesf, onde foi enfermeiro do Hospital Nair Alves de Souza.

Ali conheceu a também enfermeira Jovelina Gomes da Silva e com ela se caso no ano seguinte, em 1950.

Dessa união nasceram os filhos, Jaime Jackson, Gilvan, Genário(primeiro goleiro do time Caveira), Givaldo, Jucineide, Geane, Maristela, Mônica, Sarah, José Freire Júnior.

No ano de 1954, conforme narrou Jaime Jackson ao historiador João de Sousa Lima e está no seu livro Paulo Afonso e a Vila Poty, a História não Contada, “Zé Freire falou com Abel Barbosa, então vereador em Santo Antônio da Glória, para que ele conseguisse com o tenente e prefeito daquele município, Pedro Sá, para que ele conseguisse um terreno para a construção do Abrigo. Abel conversou com Pedro Sá e ele autorizou a construção dizendo:  

– Veja aonde o rapaz quer o local e pode construir!

– Mande por escrito, pois a Chesf pode criar caso!

– Precisa não, pode mandar ele fazer a construção! Fale lá com o fiscal Amâncio Pereira e seu filho ou com Pitinga e diga que eu que mandei!

Uma das primeiras estruturas comerciais da Vila Poty foi o “Abrigo”, um ponto de referência para os trabalhadores e aventureiros que chegavam em busca de emprego na Chesf e ali colhiam informações e faziam lanche e refeição. Em seu entorno ficavam os fotógrafos, barbeiros com suas latadas, vendedores ambulantes e as rodas de bate papo, previsões políticas, resultados dos jogos e as fofocas das coisas da cidade.”

Estimulado por Abel Barbosa de quem sempre foi amigo, José Freire da Silva decidiu se candidatar a vereador no seu partido, o PTB e foi eleito na primeira eleição de Paulo Afonso, realizada em outubro de 1958.

Em 7 de abril de 1959, José Freire e outros 7 vereadores pioneiros, entre eles duas mulheres, Dinalva Simões Tourinho e Lizette Alves dos Santos foram empossados e a Câmara Municipal, presidida por Dinalva Simões deu posse ao primeiro prefeito de Paulo Afonso, Otaviano Leandro de Morais.

Em 1967, José Freire voltou à Câmara de Vereadores, já na terceira legislatura, substituindo, como suplente, o vereador Carlos Alberto Alves. Nessa legislatura foi presidente da Câmara de 07 de abril de 1970 a 30 de janeiro de 1971.

Em conversas com Abel Barbosa, sempre ouvimos elogios dele à atuação do vereador José Freire, do seu partido. João de Sousa publica detalhes destas conversas com Abel Barbosa no seu livro e traz outras informações sobre o Abrigo e sobre esse pioneiro de Paulo Afonso.

“Segundo Abel Barbosa, Zé Freire foi um dos mais atuantes vereadores de Paulo Afonso. Foi de Zé Freire o Projeto de Lei nº 03/59 que tornou de utilidade pública a Liga Católica Nossa Senhora de Fátima, que passou depois a se chamar Liga Social Católica. Participou também da fundação do Centro Evangélico de Recuperação Social de Paulo Afonso, entidade mantenedora do Colégio Sete de Setembro. Educandário Castro Alves, a Escola Remington de Datilografia de Paulo Afonso e a Casa das Crianças Pobres.

Ainda de sua autoria o projeto lei nº 04/59 de 28 de maio de 1959, criando o Feriado Municipal de 28 de julho, data da Emancipação Política de Paulo Afonso.

Zé Freire do Abrigo fundou a primeira indústria de torrefação de café, “Café Paulo Afonso”, que funcionou na Rua Santos Dumont. O café era vendido pelo filho Jayme Jackson que vendia em toda cidade e região, superando as vendas de um café que vinha da cidade de Pesqueira.

Esse produto era divulgado na Rádio Poty, que foi dirigida por muitos anos por Roque Leonardo e pelo carro de som A Voz do Povo, de Gilberto Leal.

Em janeiro de 1973, diante das perseguições políticas, Zé Freire reuniu a família e foi embora de Paulo Afonso, indo morar em Santos/SP.

Enfrentando a nova vida Zé Freire foi ser Mestre de Obras, trabalhando na Cetenco Engenharia, na Rodovia dos Imigrantes, na Baixada santista.

José Freire da Silva, que muito contribuiu para o desenvolvimento de Paulo Afonso em seus primeiros e difíceis tempos, como funcionário do Hospital da Chesf, como vereador e empresário, faleceu em Santos no dia 15 de março de 1978.

(Fontes: livros Paulo Afonso e a Vila Poty – a História não contada, de João de Sousa Lima (Ed. Fonte Viva–Paulo Afonso/BA – 2017– O Abrigo – págs 135 e seguintes) e De Forquilha a Paulo Afonso – Histórias e Memórias de Pioneiros, de Antônio Galdino da Silva (Ed. Fonte Viva-Paulo Afonso/BA – 2014 – pág. 238)

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