Paulo Afonso, 3 de maio de 2024

Paulo Afonso

Vamos falar sobre TURISMO! Uma contribuição aos pré-candidatos à gestão municipal de Paulo Afonso

Por Antônio Galdino (www.folhasertaneja.com.br)

Fiz, há alguns dias, a revista PAULO AFONSO – da origem aos nossos dias – que ainda não foi impressa, mas estamos enviando para os interessados, em PDF, de graça e, de forma especial para todos os pré-candidatos a prefeito/prefeita de Paulo Afonso.

Nessa revista, incluí um grande capítulo final com o título – O Turismo em Paulo Afonso: um tesouro adormecido! – onde faço uma retrospectiva deste segmento nas gestões municipais e ofereço algumas sugestões de ações, se isso, evidentemente, for do interesse de algum dos candidatos e candidatas.

Exceto o que disse o candidato a prefeito Dr. Juliano Ribeiro em suas redes sociais e publicado neste site, não tenho visto, nem recebi na Redação deste site www.folhasertaneja.com.br nem do Jornal Folha Sertaneja nenhuma opinião de outros candidatos sobre o tema TURISMO, um dos questionamentos feitos a todos os candidatos ainda na edição do aniversário de 20 anos do Jornal Folha Sertaneja, em Fevereiro de 2024.

Mas esses veículos continuam com seus espaços abertos para trazer o pensamento de outros candidatos sobre este importante tema, na minha visão de especialista e estudioso do assunto e sobre vários outros ali apresentados, certamente do interesse dos eleitores.

Assim, continua no ar a pergunta que não é apenas desses veículos de comunicação, mas dos milhares de eleitores que irão às urnas no dia 6 de outubro de 2024.

O eleitor quer saber:

O que o próximo prefeito ou a futura prefeita de Paulo Afonso vai fazer em relação à gestão do Turismo em Paulo Afonso nos próximos quatro anos?

Como subsídio aos pré-candidatos, apresento a seguir uma síntese do estudo chamado O Turismo em Paulo Afonso: um tesouro adormecido!

São apenas algumas poucas informações que precisam ser analisadas e cujo conteúdo, naturalmente, poderá ser muito mais ampliado, mas que servem, nessa primeira hora, de reflexão e talvez embasamento para a criação de projetos e políticas nesta área em seu programa de governo para o próximo quadriênio, contrariando o pensamento de gestores que incutiram em sua visão curta que “turismo não dá voto”. Esperamos não mais ter que ouvir essa sandice…

Bom proveito!

Paulo Afonso é um oásis sertanejo, mas tem também

o Raso da Catarina, a Serra do Umbuzeiro,

muitas histórias do cangaço e muito mais…

Há muitas dezenas de anos que os que viajam para Paulo Afonso, de qualquer direção, precisam cruzar até centenas de quilômetros dentro da vegetação cinzenta da caatinga. Aqui e ali, sob uma pequena ponte, pequenos rios e riachos com pouca água, quase secos.

Ao chegar em Paulo Afonso os olhos dos viajantes ficam literalmente esbugalhados, espantados com a imensidão de águas que envolvem a cidade. E aí nasceu a expressão. “Mas isso é um oásis sertanejo!”

O mais intrigante de tudo isso é que esse gigantesco Oásis Sertanejo, começou a ser formado há mais de 50 anos, quando se construiu a barragem de Moxotó que segurou as muitas águas do rio São Francisco e se formou o imenso o reservatório de Moxotó que acumula mais de 1 bilhão de metros cúbicos de água. E o que se fez, quanto ao turismo, nessas tantas águas?

Com a construção do Canal da Usina Paulo Afonso 4, formou-se outro reservatório bem menor onde estão a Prainha de Paulo Afonso, onde temos sugerido que seja totalmente requalificado e se transforme em moderno Terminal Turístico de Paulo Afonso e a Prainha do Candeeiro, com Parque Aquático, marina e bares. Essas águas do Reservatório da Usina Paulo Afonso 4, estendem-se por vasta extensão da zona rural do município onde estão alguns atrativos turísticos.

Com estas tantas águas no seu entorno e o início do cânion do rio São Francisco na Cachoeira de Paulo Afonso, a cidade histórica de Paulo Afonso, a antiga Forquilha, Vila Poty, o Bairro Chesf (antigo Acampamento da Chesf), até as Usinas Hidrelétricas da CHESF, todos esses espaços agora integrantes da Ilha de Paulo Afonso.

Do outro lado da ilha, depois das primeiras usinas hidrelétricas da Chesf, dividindo os territórios do Estado da Bahia e do Estado de Alagoas, com a melhor visão do Mirante da Cachoeira, na Ilha do Urubu, há a Cachoeira de Paulo Afonso, que só retoma sua grandeza nos períodos de muitas chuvas no rio São Francisco ou se for programada para alguma vazão mas, mesmo seca apresenta um belo cenário para os visitantes.

A partir da Cachoeira de Paulo Afonso, começa o cânion do rio São Francisco, cujas águas passam por baixo da Ponte Metálica D. Pedro II que liga os municípios/estados de Paulo Afonso-BA e Delmiro Gouveia-AL. O cânion se estende por 65 quilômetros até a barragem/Usina Hidrelétrica de Xingó. Todo o cânion é navegável, sendo os seus primeiros 17 quilômetros dentro do território do município de Paulo Afonso e com os paredões mais altos de todo o cânion chegando até a 100 metros de altura.

Dentre desse cânion estão 3,2 bilhões de metros cúbicos de água do Reservatório da Usina Hidrelétrica de Xingó e embora tenha-se feito, na gestão do Prefeito Raimundo Caires o Projeto do Rio do Sal, hoje chamado de Vale do Sal, de difícil acesso às águas do rio São Francisco, um pouco mais adiante, no Povoado Xingozinho, também dentro do município de Paulo Afonso há fácil acesso até estas águas.

O Oásis Sertanejo que é o município de Paulo Afonso, encravado no meio da Caatinga, mas cercada por mais de 4 bilhões de metros cúbicos de água e riquíssimos atrativos turísticos que já levaram o Ministério do Turismo a colocar Paulo Afonso entre os 115 destinos turísticos do Brasil.
E isso aconteceu, esse reconhecimento do potencial turístico de Paulo Afonso pelo Ministério do Turismo porque, além das tantas águas, do cânion, das cachoeiras de Paulo Afonso, das usinas hidrelétricas (três delas subterrâneas), dos muitos pequenos lagos, também há o Raso da Catarina, a Serra do Umbuzeiro e muitas histórias do cangaço por essas terras sertanejas…

Usinas Hidrelétricas de Paulo Afonso, 1, 2 e 3, todas subterrâneas. À esquerda, o início do cânion do rio São Francisco dividindo os Estados da Bahia e Alagoas. Ao fundo, à esquerda, a Usina Paulo Afonso 4. Ao fundo, ao centro, a Ilha de Paulo Afonso-BA.

Paulo Afonso também tem um bom aeroporto!

No ano de 2009, no final de março, foi criada a Zona de Turismo Lagos e Cânions do São Francisco reunindo os municípios de Paulo Afonso, Santa Brígida, Glória, Rodelas e Abaré sendo Paulo Afonso a sede do Conselho Regional de Turismo, o que lhe assegurava assento no Fórum Estadual de Turismo, folheteria, divulgação pela Bahiatursa em eventos nacionais e internacionais e acesso ao Ministério do Turismo.

Com essas vantagens se conseguiu que o MTur contratasse a Fundação Getúlio Vargas para fazer um diagnóstico turístico de Paulo Afonso o que levou esse ministério a colocar Paulo Afonso entre os 115 destinos turísticos do Brasil. O Mtur também promoveu curso de formação de gestores de turismo realizado por técnicos da Fundação Getúlio Vargas.

Também até então funcionava normalmente o Conselho Municipal de Turismo gerenciado por pessoas ligadas ao trade turístico local com participação da gestão municipal e cujas ações eram de apoio à gestão municipal.

Além de Paulo Afonso, por ser uma ilha, já ser um atrativo turístico, há inúmeros outros tanto voltados para as belezas naturais como os voltados para o cangaço e a história da região.

O cânion do rio São Francisco, que tem 65 quilômetros, que começa na Cachoeira de Paulo Afonso, é todo navegável e os 17 quilômetros iniciais, com os paredões mais altos, de até 100 metros de altura, ficam no município de Paulo Afonso.

Outros grandes atrativos são os pequenos lagos, dos quais o do Touro e Sucuri, o Aurora e o Balneário, de mais de 15 no total, foram restaurados, mas pelo fato da sujeira voltar sempre, um serviço de pedalinhos instalado no Lago do Touro e Sucuri foi desativado.

Lago da Usina Paulo Afonso 4, na Prainha de Paulo Afonso durante a Copa Velas. Ao fundo, a Serra do Umbuzeiro

Dos grandes lagos, o da Prainha de Paulo Afonso, onde se realizam as provas da Copa Vela teve a sua raia considerada por experientes navegadores como uma das melhores do Brasil.

Há anos se promete a revitalização dessa Prainha que seria transformada em agradável e modelar Terminal Turístico de Paulo Afonso, mas nunca se deu um passo além das promessas.

Há que se resolver também o problema das plantas baronesas e, pelo que se sabe, há uma grande empresa pronta para se instalar em Paulo Afonso e transformar essas plantas em combustível, realizando assim dois grandes benefícios para o município: retirar as baronesas do rio e gerar emprego e renda para o município.

No grande reservatório de Moxotó pode-se ter a navegação por três Estados: Bahia (Paulo Afonso e Glória), Alagoas/Delmiro Gouveia (Usina Apolônio Sales) e Pernambuco/Jatobá.

Desde o começo do século que se fala na urbanização da área entre a Ponte da Ilha e o início do Bairro Centenário, de onde saem as embarcações durante a Procissão Fluvial do São Francisco para ali se ter a Orla do Canal, com toda infraestrutura com restaurante, área de lazer e píer de atracação de catamarãs e lanchas para passeios nesse reservatório, podendo-se ir até a Prainha de Paulo Afonso, retornar até Glória, na margem baiana, estender a viagem até Jatobá, na margem pernambucana e, no retorno passar ao lado da Usina Hidrelétrica Apolônio Sales, já em Estado alagoano.

A ideia da Orla da Canal apareceu inicialmente ainda na gestão do prefeito Paulo de Deus e adormeceu. Foi acordada por mim quando diretor do Departamento Municipal de Turismo, entre 2009 e 2011, mas sem a atenção necessária, dormiu de novo. Acredito que precisa acordar de vez, embora agora se precise ver qual a posição da Chesf, agora privatizada, sobre o assunto.

Ao concluir um Mestrado na área de Ciências da Educação – Turismo – na Universidade Internacional em Lisboa/Portugal, fui arguído pelo Professor Doutor Xavier, do Curso de Doutorado em Turismo em Portugal e ele, ao ver todas as belas imagens da Cachoeira, do Cânion, dos Lagos, dos atrativos turísticos de Paulo Afonso disse: “Eu só não entendo como vocês têm tanto e não têm nada”.

Já se passaram muitos anos dessa avaliação que aconteceu em 25 de novembro de 2005. A próxima gestão do município de Paulo Afonso precisa provar que realmente temos muita coisa no que se refere às potencialidades do turismo e com ações prioritárias voltadas para esse segmento da economia, certamente se terá muito a comemorar futuramente.

O que os eleitores esperam também é que a nova gestão municipal não repita o que se ouviu de outras gestões quando se afirmava com muita naturalidade e, naturalmente pouco conhecimento e muito pouco interesse, que “turismo não dá voto”.

Assim, os eleitores querem saber o que a nova gestão tem como proposta, plano de trabalho, de que maneira vai reconhecer e realizar ações acreditando que o turismo pode sim, como já acontece em muitos países como França, Itália, Espanha e muitos outros, ser uma importante vetor da economia, como fonte de geração de emprego e renda para o município.

Antônio Galdino da Silva

Cidadão de Paulo Afonso

Pós-graduado em Turismo (UNEB-2000)

Mestre em Ciências da Educação – Turismo –

(Universidade Internacional – Lisboa/Portugal – 2005)

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