Paulo Afonso, 25 de abril de 2024

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PHA, a partida de um jornalista de coragem

Por Emiliano José

Olá, tudo bem? 
Não vamos mais ouvir a saudação bem humorada, e inconfundível.
Paulo Henrique Amorim partiu nessa madrugada para o reino dos encantados.
De alguns anos para cá, construímos uma sólida amizade.
Era jornalista.
Dizer isso hoje não é pouco.
Cultivava a utopia da busca da verdade.
Enfrentava os poderosos.
Tinha coragem, a principal virtude dos que se propõem a enfrentar a arena pública.
Fez do seu “Conversa Afiada” um notável instrumento de comunicação. 
Faca amolada.
Cortava fino.
Ironia e elegância.
Chamou contra si muitos dos integrantes das classes dominantes.
Irritou colegas de profissão desacostumados à crítica.
Acumulou processos.
Nunca se amedrontou.
Denunciou o golpe de 2016.
Insurgiu-se contra a maré conservadora que levou Bolsonaro à Presidência.
Combateu o novo governo desde o início.
Convidou-me para jantar quando fui lançar o primeiro volume da biografia de Waldir Pires em São Paulo, início do segundo semestre do ano passado.
Quando me recebe à porta do apartamento, avisa:
-Vai jantar aqui em casa. Ordem de Geórgia.
Sua companheira de tantos anos fora minha aluna e é também querida amiga.
Publicou muitos textos meus no “Conversa Afiada”.
Uma vez, diante de um texto grande, fora dos padrões, mandou de volta:
-Isto é para Coimbra. Reduza.
Reduzi.
Publicado.
Era sobre a Base de Alcântara.
Fez concorridíssima conferência em Salvador, apoiando candidatura minha a deputado federal.
Tenho convicção de que suas lições fincaram terreno nas almas dispostas a aprender. 
Triste.
Perdi um amigo.
O Brasil, um cidadão digno.
Um jornalista.

Emiliano José é professor, escritor e jornalista.

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