Paulo Afonso, 2 de maio de 2024

Geral

Paulo Afonso, cidade que inspira poesia

O começo

A região de Paulo Afonso começou a ser habitada por bandeirantes portugueses, no início do século XVIII. Chefiados por Garcia D’Ávila, subiram o rio São Francisco e atingiram as terras onde hoje está localizado o município.

Em 1725, o sesmeiro Paulo Viveiros Afonso, recebeu por alvará uma sesmaria, situada na margem esquerda do rio, no lado alagoano, e que abrangia as terras da cachoeira, até então conhecida como Sumidouro.

Tempos depois, em 1913, Delmiro Gouveia, industrial e empresário da época, vislumbra com o potencial da região, e implanta um grande e ousado projeto, a primeira usina hidrelétrica do Nordeste, a Usina Angiquinho.

A partir da idéia do pioneiro Delmiro Gouveia, o então Presidente do Brasil, Getúlio Vargas assina o Decreto autorizando a organização da CHESF – Companhia Hidrelétrica do São Francisco, oficializada em1948 com a primeira Assembléia Geral de Acionistas.

Em torno da CHESF nasce a o que viria a ser a cidade de Paulo Afonso, até então parte do município de Glória. Só em 1958 a nasce o município, através de sua emancipação política.

Paulo Afonso hoje

Próximo dia 28 de Julho Paulo Afonso celebra 65 anos. É uma cidade ainda jovem, com muitos desafios e um grande futuro pela frente. Atualmente a população da cidade chegou a 112.870 pessoas no Censo de 2022, o que representa um aumento de 4,21% em comparação com o Censo de 2010.

Cidade que inspira Poetas

Suas belezas inspiraram poetas que por aqui passaram e que por aqui nasceram .

Ponte metálica construida na década de 50,uma maravilha da engenharia,toda em metal encravada no belo canyon do Velho Chico. É nela que os atletas liberam sua adrenalina em saltos de bungee jump,base jump e rapel,hoje tornou-se ícone da cidade de Paulo Afonso.

Praça das Mangueiras

Construída há mais de quatro de década a praça das mangueiras foi centro de manifestações pública e reduto de idéias que marcaram a história de Paulo Afonso,agora é um marco de integração do acampamento chesf a antiga vila poty.
Hoje a praça se transforma em parque fechando um complexo de três outras: praça do coreto; Abdon Sena e dos aposentados.

“A Cachoeira” e as impressões de Castro Alves sobre as cascatas de Paulo Afonso:

A Cachoeira

Mas súbito da noite no arrepio
Um mugido soturno rompe as trevas…
Titubantes — no álveo do rio —
Tremem as lapas dos titães coevas!…
Que grito é este sepulcral, bravio,
Que espanta as sombras ululantes, sevas?
É o brado atroador da catadupa
Do penhasco batendo na garupa!…

Quando no lodo fértil das paragens
Onde o Paraguaçu rola profundo,
O vermelho novilho nas pastagens
Come os caniços do torrão fecundo;
Inquieto ele aspira nas bafagens
Da negra sucr’ruiúba o cheiro imundo…
Mas já tarde… silvando o monstro voa…
E o novilho preado os ares troa!

Então doido de dor, sânie babando,
Co’a serpente no dorso parte o touro…
Aos bramidos os vales vão clamando,
Fogem as aves em sentido choro…
Mas súbito ela às águas o arrastando
Contrai-se para o negro sorvedouro…
E enrolando-lhe o corpo quente, exangue,
Quebra-o nas roscas, donde jorra o sangue.

Assim dir-se-ia que a caudal gigante
— Larga sucuruiúba do infinito —
Co’as escamas das ondas coruscante
Ferrara o negro touro de granito!…
Hórrido, insano, triste, lacerante
Sobe do abismo um pavoroso grito…
E medonha a suar a rocha brava
As pontas negras na serpente crava!…

Dilacerado o rio espadanando
Chama as águas da extrema do deserto…
Atropela-se, empina, espuma o bando…
E em massa rui no precipício aberto…
Das grutas nas cavernas estourando
O coro dos trovões travam concerto…
E ao vê-lo as águias tontas, eriçadas
Caem de horror no abismo estateladas…

A cachoeira! Paulo Afonso! O abismo!
A briga colossal dos elementos!
As garras do Centauro em paroxismo
Raspando os flancos dos parcéis sangrentos.
Relutantes na dor do cataclismo
Os braços do gigante suarentos
Agüentando a ranger (espanto! assombro!)
O rio inteiro, que lhe cai do ombro.

Grupo enorme do fero Laocoonte
Viva a Grécia acolá e a luta estranha!…
Do sacerdote o punho e a roxa fronte…
E as serpentes de Tênedos em sanha!…
Por hidra — um rio! Por áugure — um monte!
Por aras de Minerva — uma montanha!
E em torno ao pedestal laçados, tredos,
Como filhos — chorando-lhe — os penedos!!!…


Paulo Afonso intertextual
(Edson Barreto)

A cidade de Paulo Afonso é fogo que arde sem se ver
É um contentamento sempre contente
É um passeio pela última Flor da Lácio, inculta, bela e regional.
Na minha vida, Paulo Afonso estava no meio do caminho
No meio do destino tinha Paulo Afonso.
Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos
Seria como a cachoeira no grotão a soluçar.
Paulo Afonso lembra uma mulher nova, bonita e carinhosa
Que faz a saudade doer sem sentir dor.
Pelas veredas do cangaço, Maria Bonita, mulher macho, sim, senhor
Fez Lampião se render, rendá, olê, mulé rendêra.
Rastejando pelo solo do Raso da Catarina, as vidas secas impressionam
Léguas tiranas bordadas pela mulher simples da Várzea, do Juá.
Senhor Deus de Castro Alves, dizei-me vós, Senhor Deus
Se esse canyon gigantesco é mentira, verdade ou miragem
Comprimindo as águas do Velho Chico em carrancas
Que fazem os guerreiros enfrentarem a batalha
Com armas da paz empunhadas noite e dia
Para clarear o Nordeste com a energia da CHESF.
O pauloafonsino é, antes de tudo, um forte, sertanejo bravo
É um D. Mário Zanetta peregrinando e pregando a fé
Ave Maria! Rogai por nós, Pai Nosso, que estás no céu.
Padre Lorenzo Tori nos lembra a Tapera de Paulo Afonso
De um sonho intenso, um raio vívido de uma infância fugaz, noite se faz.
Assim que o dia amanheceu lá no alto da Serra do Umbuzeiro
Dava pra ver o tempo florir na copa amarelada das Craibeiras
Dava pra ver que os filhos teus não fogem à luta, cassacos tenazes
De uma Paulo Afonso de sonho que já se concretizou. Amém.

Balada da Ilha
(Marcos Antônio Lima)

“Aqui no cantinho chamado Sertão
Onde outrora fora a Forquilha
Transformada pela metamorfose do progresso…
Hoje és Paulo Afonso, bela, formosa ilha”…

Paulo Afonso minha terra, meu amor!
(Patrícia Santos)

Não sei te poetizar como Castro Alves,
Nem sei te cantar igual ao Gonzagão,
A única certeza que eu tenho
é que da minha felicidade tu és a razão

Paulo Afonso, cidade de tantos encantos
Da região tu és a mais linda flor
Tuas lembranças me trazem sorrisos
e prantos quando longe de ti eu estou

Histórias não faltam pra eu te contar
Quem te ver hoje imponente no sertão
nem imagina a dureza que foi o teu início
e a bravura dos teus pioneiros até então

Oh, Paulo Afonso! lembra dos teus filhos,
De quem com suor te construiu
Lembra da brava gente que te fez
primeira usina subterrânea do Brasil.

Oh, minha terra de natureza exuberante!
Com belas paisagens Deus te abençoou,
Te fez grande oásis no nordeste
quando o Velho Chico te deste por amor!

Minha Terrinha
(Mário Moura)

Paulo Afonso, Paulo Afonso
Minha raiz, meu espírito
Sou vivo, sou feliz
Energia irradio.

Paulo Afonso, Paulo Afonso
Minha casa, meu perene hábito
Saudades e saudades tenho da tua seca
Herança que carrego em meus ossos.

Terra de maravilhas mil
Da cachoeira que não mais jorra
Do cânion, rocha embrutecida
Do giro que ilumina milhões.

Terra de contrastes
Do nordestino, da chuva que não cai
Do faminto que chega e vai
Da esperança…

Se hoje tenho minha identidade
Minha vida, minha radiografia
A Paulo Afonso minha terrinha
A linda e singular autoria.

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