Paulo Afonso, 2 de maio de 2024

Obituário

João Donato morre no Rio aos 88 anos

A informação foi confirmada pela família do músico. Pianista, acordeonista, arranjador, cantor e compositor nasceu em 1934 em Rio Branco, no Acre.

Morreu na madrugada desta segunda-feira (17), no Rio de Janeiro, o músico João Donato. A informação foi confirmada pela família do músico.

João Donato tinha mais de 70 anos de carreira como músico, em uma carreira marcada pela criatividade e pelas misturas de vários gêneros musicais.

O multi-instrumentista morreu em decorrência de uma série de problemas de saúde. Recentemente, ele teve uma infecção nos pulmões.

Carreira marcada pela inovação

 

Pianista, acordeonista, arranjador, cantor e compositor, João Donato de Oliveira Neto nasceu em 1934 em Rio Branco, no Acre.

A inovação pôde ser vista desde cedo. Na infância, ele costumava brincar de música com flautinhas de bambu e panelas. Depois, recebeu de presente um acordeom de oito baixos e, mais tarde, um instrumento maior.

Em 1945, mudou-se para o Rio de Janeiro com a família. Na cidade, começou a tocar em festas do colégio onde estudava. Em uma delas, conheceu o grupo Namorados da Lua e fez amizade com Lúcio Alves, Nanai e Chicão.

Quatro anos depois, já atuava em jam-sessions realizadas na casa de Dick Farney e no Sinatra-Farney Fan Club, do qual era membro.

Iniciou sua carreira profissional em 1949, como integrante do grupo Altamiro Carrilho e Seu Regional. Dois anos depois, começou a estudar piano.

O pianista acreano João Donato — Foto: Cristina Granato

O pianista acreano João Donato — Foto: Cristina Granato

Em 1953, formou seu próprio grupo, Donato e Seu Conjunto e fez parte do grupo Os Namorados. No ano seguinte, formou o Trio Donato.

Em 1956, mudou-se para São Paulo, onde atuou como pianista do conjunto Os Copacabanas e na Orquestra de Luís Cesar e gravou o primeiro LP: “Chá dançante”, produzido por Tom Jobim.

Em 1958, voltou para o Rio de Janeiro e passou a dedicar-se ao piano. Em 1959, viajou para o México com Nanai e Elizeth Cardoso. Em seguida, transferiu-se para os Estados Unidos, onde residiu durante três anos. Nesse país, atuou com Carl Tjader, Johnny Martinez, Tito Puente e Mongo Santa Maria. Donato também excursionou com João Gilberto pela Europa. Em 1962, voltou para o Brasil, casado com a atriz norte-americana Patricia del Sasser.

Em 1963, retornou aos Estados Unidos, onde viveu por mais dez anos.

Parcerias

 

João Donato atuou com artistas como: Astrud Gilberto, Dorival Caymmi, Tom Jobim, Eumir Deodato, Stan Kenton, Nelson Riddle, Herbie Mann e Wes Montgomery. Suas músicas “Amazonas”, na gravação de Chris Montez, e “A rã” e “Caranguejo”, ambas gravadas por Sérgio Mendes, fizeram sucesso junto ao público norte-americano.

Como arranjador, destacam-se entre seus trabalhos os CDs “O homem de Aquarius”, de Tom Jobim, e “Minha saudade”, de Lisa Ono, além de discos de Fagner, Gal Costa e Martinho da Vila.

João Donato — Foto: Clever Barbosa/Divulgação

João Donato — Foto: Clever Barbosa/Divulgação

Prêmios

 

Em 2000, foi contemplado com o Prêmio Shell de Música pelo conjunto da obra e participou do Free Jazz Festival (RJ), obtendo sucesso de público e crítica.

Em 2003, ganhou o Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte).

Em 2004, foi contemplado com o Prêmio Tim pelo disco “Emílio Santiago encontra João Donato”.

G1

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