Paulo Afonso, 24 de abril de 2024

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Bolsonaro recua de reajuste privilegiado para policiais e diz que tendência é de 5% para todos os servidores

Após várias sinalizações de que daria aumentos privilegiados a policiais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou nesta quinta-feira (26) que irá recuar da ideia e afirmou que a tendência é conceder aumento de 5% a todas as categorias.

O chefe do Executivo busca garantir o apoio da classe a sua reeleição, mas afirma que tem enfrentado dificuldade para cortar R$ 17 bilhões dos ministérios para abrir espaço no Orçamento a fim de dar reajustes. Segundo ele, movimentos grevistas não irão resolver o problema.

“Eu apelo aos servidores, reconheço o trabalho de vocês, mas a greve não vai ser solução, porque não tem dinheiro no Orçamento. Eu sou o primeiro presidente a ter teto no Orçamento. Outros não tinham, poderiam reajustar, eu não posso”, afirmou.

As dificuldades orçamentárias, no entanto, dificultaram a concretização do projeto de Bolsonaro. Além disso, há o temor que a concessão de aumento maior a categorias específicas despertaria movimentos grevistas de carreiras que se sentissem injustiçadas.

A afirmação de Bolsonaro repercutiu entre os policiais federais, que nesta quinta (26) realizaram manifestações em algumas cidades do país. Eles rebatem o argumento do presidente de que o teto de gastos impede a reestruturação prometida.

Segundo eles, os valores já estavam reservados no Orçamento e pareceres do Ministério da Justiça e da Economia apontam para a legalidade da concessão do reajuste acima dos 5%.

“Não adianta falar em teto de gasto, porque tem legalidade e tecnicidade, porque tem Orçamento. A decisão de não dar é exclusiva do presidente, não é do teto de gastos, de fulano ou ciclano, é dele. Ele não quer dar”, disse à Folha Marcos Camargo, presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais.

Presidente da ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal), Luciano Leiro, diz lamentar e repudiar a “falta de compromisso” de Bolsonaro “com sua própria palavra” e afirma que os policiais não aguentam mais a desvalorização patrocinada pelo atual governo.

“Agora, mesmo com Orçamento reservado e aprovado desde o ano passado, vem mais essa desculpa do presidente. Os policiais federais não aguentam mais serem desvalorizados e não aceitam mais desculpas”, diz.

Marcus Firme, da Federação Nacional dos Policiais Federais, diz que a categoria está decepcionada com o governo Bolsonaro.

“O dinheiro foi alocado, temos o dinheiro. A questão é política. A desculpa é furada, a gente entende que é decisão do próprio presidente.”

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