Paulo Afonso, 30 de abril de 2024

Cartas ao Outro Lado do Caminho

Carta a Deus

Oi, Deus.

Nesse dia, que é dedicado aqui na Terra a quem que já regressou, em vez de mandar uma cartinha para cada uma das pessoas que marcam saudade em meu coração, resolvi enviar para o senhor, o criador de tudo e de todos.

Não sei se o clima aí no céu está bom para cartinhas. Deve ainda estar muito tumultuado de tanto que seu nome foi chamado em vão nos últimos tempos, com pedidos um tanto quanto esdrúxulos. Se ainda tiver alarme de notificação por aí com certeza deve ter sido colocado no silencioso. Sei que o senhor é pai, mas não deve ter sido fácil.

Mas, Deus, não estou escrevendo para falar de política. Estou cansada de tanta notícia falsa, de tanta desfaçatez. Acho que o senhor e seus assessores – os santos, os anjos da guarda, os espíritos de luz – também devem estar cansados. Até porque pipocam problemas em tudo que é canto desse mundão que o senhor criou, porque nós, ou a maioria de nós, não aprendemos a usar o livre arbítrio que nos foi concedido.

Recentemente alguém me disse que o livre arbítrio é para usar nas decisões de servir ao senhor, de abrir mão de tudo o que a gente vive para seguir os mandamentos. Mas, senhor, entendo que o livre arbítrio é agir de acordo com a sua consciência, sabendo que arcará com o ônus e o bônus. Eu não disse que sou espírita e que procuro seguir os ensinamentos aqui deixados por seu filho, Jesus Cristo, quando da passagem dele aqui na terra. Acho que nem preciso, pois o senhor sabe de tudo. E como o senhor a tudo vê, cabe ressaltar que nem sempre consigo ser boazinha. Mas em minha defesa digo que minha essência é do bem e se precisar acredito que terei testemunhos disso, viu?

Pai celestial, o motivo da minha cartinha é pedir que a sua misericórdia, seu amor, sua luz, alcance a todos os meus queridos e minhas queridas que estão aí no outro lado do caminho. Não sei, exatamente, em que canto estão, pois as informações das religiões aqui são muito desencontradas. Muitos acreditam que com a morte a vida acaba e que o espírito ficará aguardando que o senhor os julgue, mandando-os para o céu ou para o inferno, de acordo com a trajetória de cada um aqui na terra. Eu acredito na vida após a morte e na reencarnação como oportunidade de se redimir de erros anteriores, de evolução espiritual. E acreditar nisso conforta muito o meu coração.

Então, Deus, que sua benção traga a paz para todos os que já partiram. Todos os seus filhos que regressaram e que tenham ou não reencarnado. Em especial, peço que estejam em paz os espíritos da minha mãe, Maria Cleonice Amorim; do meu pai, Nilton Cavalcante Amorim; dos pais de mamãe (avós queridos) José Sivirino Melo e Dominícia Galindo Melo; dos pais de papai (avós que amo muito também) João Braz Amorim e Floriza Cavalcante Amorim; Lourinha, Mercês, Terezinha e Tenide, minhas tias ; dos meus tios Manoel, Cícero, Luis, Sebastião, Cicinho e Mariano (que desencarnou esse ano); dos primos Atenágora, Cristina, Manoel, Paulo e Abrahão; dos queridos amigos Nilton Simões, Nilton Paz, Alberto Rezende, Sérgio Vital, Gabriela Rossi, Dona Terezinha, Dilma Rodrigues (que seguiu no mesmo dia que tio Mariano) e Raul Palmeira; das minhas minhas cunhadas Valdiza e Voca; da mãe biológica de Kaká, Maria Isa Sacerdote; e da minha sogra, que não tive o prazer de conhecer, dona Alaíde Pereira.

A lista é grande e se esqueci de alguém peço que passe um escâner em minha mente e meu coração identificando-os e reforçando sua benção. Que neste dia o senhor possa fazer com que cada um deles sinta o abraço que envio, marcado pela energia da gratidão por tudo o que pude compartilhar e aprender com elas e eles.

Mas, Pai, peço que sua benção seja reforçada também sobre nós que ainda prosseguimos na caminhada desse lado de cá do caminho. Bem sabe, senhor, que esse caminho é cheio de tentações. Os tropeços, portanto, são constantes. Mais intensos em alguns de nós que em outros. Que alcance os povos desse planeta imenso para que a tolerância, o respeito e o amor ao próximo seja real, seja verdadeiro. Que alcance nosso Brasil com a paz. Que alcance minha grande família – tanto a Amorim quanto a Araújo. Em especial, que ilumine os caminhos dos mais jovens para que enfrentem seus desafios sem perder a fé e a esperança.

Senhor, abençoa também esta sua filha, para que eu não me perca em meu caminho. Que eu tenha saúde mental, espiritual e física para acompanhar o crescimento do meu neto Leon e da futura neta Giulia (que ainda não tem sua vinda confirmada, claro) e para prosseguir nessa história de amor e companheirismo com Roberto. Registro, mais uma vez, minha gratidão por todas as bençãos que me foram concedidas ao longo desses últimos 60 anos.

Com amor

Vanda

*Vanda Maria Amorim é Jornalista por formação e vocação, blogueira, espírita.

Confira o Original, com áudio e fotos, clicando aqui.

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